Pequena Amplitude é uma extensão da minha voz e dos meus pensamentos porque nem sempre temos tempo e oportunidade de falar o que pensamos ou de ser quem somos.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Natais


- Ficou linda, né, mamãe?
- Claro que sim, filha.
Ela estava encantada olhando para a árvore de Natal que tinham acabado de montar. Não conseguia conter seu entusiasmo e sua ansiedade. Mas o Natal ainda estava tão longe... Mamãe havia dito que faltava mais de um mês.
- Mãe, será que o papai vai gostar?
Mas a mãe tinha o pensamento longe, imaginando a ceia que, neste ano, seria em sua casa. Podia ver as cunhadas e as primas esnobando seu cuidado na preparação da festa:
- Hum! Eu acho que esta salada está sem sal!
- Que bonita a decoração, Ana! Pena que os móveis já estejam meio velhos... Acho que vocês precisam de outro sofá...
Ah, que vontade que ela tinha de responder: “Foi o pestinha do seu filho quem causou esse estrago!”
- Mãe!
- Hã? Ah, sim, filha...
- Puxa! Eu não vejo a hora de comemorar o Natal! Vai ter muita comida gostosa, muitos priminhos para brincar comigo, muitos presentes! É a melhor época do ano. E pensar que eu nem tenho que ir para a escola! Podia ter Natal todo mês, né, mamãe?
Ela pensou em algo como “Deus me livre! Uma vez por ano já é muito...”, mas assentiu à filha com a cabeça.
Dali a pouco a menina ouviu a porta se abrir e saiu correndo para encontrar o pai.
- Papai! - ela disse, agarrando suas pernas – Venha ver a árvore que nós montamos. Não está linda?
- Oi, filhinha! – ele disse, apertando a bochecha da filha com um beijo – Uau! Ficou linda mesmo! Parabéns!
Depois disso, beijou a esposa rapidamente, sem dizer nada. Então foi para o quarto tirar os sapatos, pensando na ceia de Natal: “Meu Deus, já é quase Natal de novo! De que adianta receber o décimo terceiro se a gente tem que gastar tudo com festa e presentes? Para a esposa, para a filha... Bom, pelo menos eu só tenho uma, mas ainda tem os sobrinhos, os amigos secretos... E, é claro, a Ana não vai querer que ninguém passe o Natal de roupa velha... Talvez até me peça para reformar o sofá... Ainda bem que o Natal é só uma vez por ano!”

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