
Preciso explicar que este texto não é meu, mas é de um escritor muito talentoso, Evandro Ferreira, meu marido.
Os leões não se preocupam com o tempo, até que o seu reinado acabe. Os elefantes só se lembrarão dele quando for a hora de se afastarem da manada para lhe garantir a proteção contra os predadores. Os macacos se divertem. Algumas cigarras aguardam por quinze anos até a sua festa de debutante e morrem duas semanas depois. Uma mosca drosófila nem sabe o que é tempo. Só os seres-humanos se digladiam com os ponteiros.
O mais interessante é que até certo ponto de suas vidas são como macacos e o tempo pouco importa diante dos inacreditáveis médios 110 anos que poderão viver. Há quem diga que as tartarugas vivem mais, mas o que incomoda o homem é que elas sempre têm a mesma cara, não demonstram quaisquer sinais de envelhecimento até que em um belo dia, simplesmente não acordam. Para o homem basta sentir saudade de um brinquedo antigo ou de, Deus me livre, encontrar uma ruga ou um cabelo branco que tudo vai para o espaço.
Desse dia em diante, o copo que era, até então, meio cheio, começa a ser visto como meio vazio se esvaziando. Do meio para o fim é que os cabelos caem e se passa a temer a morte e não viver a vida. Chocolates a menos e muitos, muitos trocados a mais para a indústria cosmética. E o medo que era de morrer jovem passa a ser o de envelhecer demais.
O tempo chega aos homens como o grande senhor. O relógio confirma que depois dos trinta os dias parecem ser sempre de inverno, espremidos pela noite, passando mais depressa. As avós afirmam que os anos chegam e passam mais rápidos hoje que na época delas. Pode ser que, depois dos sessenta, a contagem do tempo deixe de fazer sentido, só isso.
Enfim, talvez, de tudo, o mais certo seja classificar o homem o tempo não pelo que falta, mas pela qualidade do que já viveu.
O mais interessante é que até certo ponto de suas vidas são como macacos e o tempo pouco importa diante dos inacreditáveis médios 110 anos que poderão viver. Há quem diga que as tartarugas vivem mais, mas o que incomoda o homem é que elas sempre têm a mesma cara, não demonstram quaisquer sinais de envelhecimento até que em um belo dia, simplesmente não acordam. Para o homem basta sentir saudade de um brinquedo antigo ou de, Deus me livre, encontrar uma ruga ou um cabelo branco que tudo vai para o espaço.
Desse dia em diante, o copo que era, até então, meio cheio, começa a ser visto como meio vazio se esvaziando. Do meio para o fim é que os cabelos caem e se passa a temer a morte e não viver a vida. Chocolates a menos e muitos, muitos trocados a mais para a indústria cosmética. E o medo que era de morrer jovem passa a ser o de envelhecer demais.
O tempo chega aos homens como o grande senhor. O relógio confirma que depois dos trinta os dias parecem ser sempre de inverno, espremidos pela noite, passando mais depressa. As avós afirmam que os anos chegam e passam mais rápidos hoje que na época delas. Pode ser que, depois dos sessenta, a contagem do tempo deixe de fazer sentido, só isso.
Enfim, talvez, de tudo, o mais certo seja classificar o homem o tempo não pelo que falta, mas pela qualidade do que já viveu.
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