
Ele estava lá, olhando aquelas lembranças de tempos que já não voltariam. Como gostaria de poder voltar a eles, ao tempo em que as decisões sérias não precisavam ser tomadas de imediato e quase nunca por ele mesmo. Mas hoje era a véspera do seu grande dia. Ou não? Será que ele deveria seguir em frente? Sabia que teria que tomar a decisão correta porque não haveria tempo de consertar o que quer que fosse. Ficou pensando em todas as decisões que tinha tomado até então, mas não conseguiu se lembrar de nada que fosse tão importante quanto aquilo. E o pior, ele sabia, ainda estava por vir. Haveria muitas outras decisões a sua frente, mas já não havia ninguém a quem pedir conselhos cegamente, como outrora. Se decidisse seguir esse caminho, sua vida estaria selada para sempre. Só precisava decidir. Mas, mesmo se não tomasse nenhuma decisão, corria o risco de ter decidido não fazer nada. Queria poder espiar pela janelinha do futuro e olhar seu próprio rosto, se estaria sorrindo ou sofrendo, se estaria sozinho ou cercado de pessoas importantes, se teria boa condição financeira ou se passaria por algumas necessidades. É claro, ele sabia que todas as pessoas tinham que passar por isso, mas ele nunca pensou que seria difícil estar no lugar delas. Sem saber se seguia o coração ou a razão, se o fazia naquele momento ou mais tarde, se prosseguia ou se parava, sem saber de nada, ele permanecia imóvel, com os pensamentos atormentando sua cabeça.
Até que, enfim, ele se decidiu: levantou-se, vestiu-se como achou que deveria e saiu pela porta, ansioso pela mudança que estava por vir.
Escrevi este conto porque é assim que me sinto quando estou diante de uma decisão importante. E acredito que mais pessoas se sintam como eu. Por isso, quero dividir com elas um pouco dessa apreensão e mostrar que, embora difíceis, as decisões devem ser tomadas e no tempo oportuno.
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